terça-feira, 4 de março de 2014

Borboletas

O que Ana queria mesmo era ter uma borboleta.
A vida, para ela era muito simples: a pequena casa da avó, o córrego com peixes brilhantes, a vaca leiteira.
A avó tinha um filho, que morava com ela, pois o marido tinha se perdido.
Poucas coisas eles tinham, mas parece que quanto menos se tem, mais leve é a vida. Ana não tinha brinquedos. Ela possuía, no entanto, o vento, árvores, insetos coloridos. Porém, tudo isso era dela e, ao mesmo, tempo do mundo. Sua avó conseguia ainda lhe fazer, em uma velha máquina de costura, sacos de pano, onde Ana entrava e escorregava pelos morros. Seu tio lhe trazia frutas das plantações. Só que ela começou a desejar algo que fosse seu, de verdade.
O casulo foi se formando, no jardim, atrás da casinha, onde todas as manhãs, borboletas se reuniam, no seu silêncio multicor.
E, de repente, Ana se viu encantada, em meio a tanta delicadeza; sentiu uma profunda identificação com o modo de viver das borboletas do jardim. “Bem que eu queria ter uma pra mim”, ela disse.
Então, todas as manhãs, ela acordava, tomava seu café-com-leite e ia correndo se encontrar com suas amigas. Às vezes, Ana não se continha e se aproximava dos canteiros, misturando-se às roseiras. As borboletas consideravam Ana, uma flor, e pousavam em seus braços. Era uma festa! “Por que não ter uma borboleta?”, ela pensou. Seria tão bom! Quando fosse o momento da revoada, uma permaneceria. A menina e sua companheira alada trocariam ficariam à beira do riacho, ensinariam coisas uma para outra, trocariam confidências, voariam.
Chegou o dia! Com todo o cuidado, Ana fechou uma borboleta em suas mãos, fazendo com que as duas entrassem no casulo de onde havia saído.


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