O
que Ana queria mesmo era ter uma borboleta.
A
vida, para ela era muito simples: a pequena casa da avó, o córrego com peixes
brilhantes, a vaca leiteira.
A
avó tinha um filho, que morava com ela, pois o marido tinha se perdido.
Poucas
coisas eles tinham, mas parece que quanto menos se tem, mais leve é a vida. Ana
não tinha brinquedos. Ela possuía, no entanto, o vento, árvores, insetos
coloridos. Porém, tudo isso era dela e, ao mesmo, tempo do mundo. Sua avó
conseguia ainda lhe fazer, em uma velha máquina de costura, sacos de pano, onde
Ana entrava e escorregava pelos morros. Seu tio lhe trazia frutas das
plantações. Só que ela começou a desejar algo que fosse seu, de verdade.
O
casulo foi se formando, no jardim, atrás da casinha, onde todas as manhãs,
borboletas se reuniam, no seu silêncio multicor.
E,
de repente, Ana se viu encantada, em meio a tanta delicadeza; sentiu uma
profunda identificação com o modo de viver das borboletas do jardim. “Bem que
eu queria ter uma pra mim”, ela disse.
Então,
todas as manhãs, ela acordava, tomava seu café-com-leite e ia correndo se
encontrar com suas amigas. Às vezes, Ana não se continha e se aproximava dos
canteiros, misturando-se às roseiras. As borboletas consideravam Ana, uma flor,
e pousavam em seus braços. Era uma festa! “Por que não ter uma borboleta?”, ela
pensou. Seria tão bom! Quando fosse o momento da revoada, uma permaneceria. A
menina e sua companheira alada trocariam ficariam à beira do riacho, ensinariam
coisas uma para outra, trocariam confidências, voariam.
Chegou
o dia! Com todo o cuidado, Ana fechou uma borboleta em suas mãos, fazendo com
que as duas entrassem no casulo de onde havia saído.
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