terça-feira, 20 de agosto de 2013
Você tem meia hora pro Leminski?
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Visão
olhou para o look
dela e
viu porque tantos
olhares a
observavam.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
A gata e a coruja
Aproximava-se o momento daquela
movimentação geral; cada animal procurava ansiosamente seu lar, juntar-se aos
seus. 18 horas. Em meio ao agito todo, do vem e vai, esbarram-se gata e coruja –
era uma coruja macho. Aquela, a princípio, nada entendeu: “Quem esta coruja
pensa que é para esbarrar em mim deste jeito?”, pensou ela; desconfiada, fitava
os grandes olhos de coruja. Esta, apenas parou com toda sua aparente
tranquilidade (pois por dentro estava tão agitada quanto os outros que corriam)
e, com olhos de coruja, sorriu.
Pouco fazia diferença para a gata e a
coruja aquela correria toda. Na verdade, seus lares nem abrigariam tanto quanto
aquele repentino encontro, pois, de fato, não haviam abrigado verdadeiramente a
cada entardecer há muitos anos.
Muitos animais observavam o encontro
com cobiça; uns com inveja, pois não se permitiam esbarrar por aí; outros com
frieza, pois nada sentiam; outros ficavam curiosos; alguns puros e de bom
coração, sorriam. Já o elefante, que acompanhava de longe a cena, pensava: “Engraçado,
jurava já ter presenciado este encontro antes, devo mesmo estar virando um
velho maluco”. De fato, o elefante com toda sua sabedoria, sensitividade e
espiritualidade estava certo, este encontro já acontecia há centenas de anos,
eles não sabiam, mas havia neles a capacidade ímpar de sentir.
Aos poucos, gata e coruja
aproximavam-se; a gata caminhava desconfiada em círculos, como em uma dança
envolvente, queria se apropriar de cada detalhe da coruja que silenciosamente
achava aquilo um tanto interessante. Logo a coruja também se pôs a investigar a
gata e tentava transcender o silêncio falando de variadas formas que a
linguagem possa permitir.
Gata e coruja passaram a se encontrar
todos os dias. Ao entardecer procuravam ansiosamente uma pela outra e a cada
encontro cresciam, uniam-se, aprendiam e construíam um vínculo que tomou o
lugar de um lar: a cada encontro abrigavam-se. Não demorou muito para que a
coruja virasse luz. A gata admirava tanto a coruja que a achava o animal mais
cativante que já havia conhecido; ela queria que os outros animais soubessem
quem de fato era a coruja, tão sincera, simples, de bom coração, respeitosa,
cuidadora, fiel; a coruja, porém, nem mais se importava, apenas bastava poder
compartilhar sua sabedoria.
A gata também era admirada pela
coruja, que nunca mais deixou de querer sua doce presença. Era, para a coruja,
uma gata diferente de todas as outras gatas; era sensível, protetora,
preocupada, era linda e tinha um pelo macio, um jeito envolvente e apaixonante;
mas era também fiel, leal, cuidava maternamente daquele lar e não iria mais
embora.
Então coruja e gata passaram a cuidar
uma da outra pelos restos dos anos. E a cada dia 06, às 18 horas, elas
festejavam.
Reza a lenda que muito se desejou que
o encontro não mais acontecesse, mas a gata e a coruja eram muito fortes. E de
bom coração.
(Fernanda Balem Tagliari)
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