sábado, 27 de julho de 2013
quarta-feira, 24 de julho de 2013
terça-feira, 23 de julho de 2013
Televisão
Um doutor em literatura é convidado para conceder entrevista a um
programa de variedades, vespertino. Ressabiado, ele vai.
- Então, senhor Jarbas? Conte um pouco de seu novo trabalho pra gente!
- Meu estudo, Mônica, é sobre a influência da cultura japonesa na
poesia de Paulo Leminski e outros escritores que viram nos Haikais uma nova forma de expressão, mais rápida, buscando atingir
a essência da palavra. O resultado foi que...
- Mas que interessante, né, senhor Jarbas? Ouvi o senhor falar de
poesia... Gosto tanto de poesia! Minha mãe sempre me falava algumas: “Batatinha
quando nasce...”.
- O que você começou a declamar, Mônica, é uma quadrinha popular. As quadrinhas são trovas simples criadas pelo povo. Compostas
por quatro versos (dai vem o nome) se caracterizam por possuir rimas muitas
vezes imperfeitas e escritas de forma incorreta...
Mas uma vez, a apresentadora interrompe:
- Como tá bacana o programa hoje, pessoal!
Vamos falar rapidinho sobre o nosso patrocinador? As lavadoras de roupas Masters of Washing deixam...
Através do ponto eletrônico, a
apresentadora recebeu um toque do diretor, dizendo que a audiência do programa
estava caindo: era preciso deixar a entrevista mais interessante ao povo.
- E nas horas vagas, o que o senhor
gosta de fazer?
- Bem, disse ele já meio assustado, eu
leio, escrevo, ouço música...
- E uma baladinha, às vezes, rola?
- Como?
- Haha! E como, né, senhor Jarbas?! Mas
o pessoal tá doido pra saber: e esse coraçãozinho tem dona?
- Oi?
- Ah, não tá querendo falar... É porque
tem coisa aí.
- Não entendo...
- Mas vamos agradecer
ao senhor Jarbas pela visita hoje no Tardes e Variedades. Dá beijinho aqui. E
daqui a pouco vocês não podem perder! A coleção primavera-verão das novas
roupinhas para ramsters, que vão deixar seu bichinho
ainda mais fofo.
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Gosto
Sentiu o alho na comida e reclamou entre-dentes.
Uma ovelhinha e uma gatinha
terça-feira, 16 de julho de 2013
Scketch - Quem manda
O dia é de faxina.
- Paulo, você limpa o quarto e eu vou fazendo o almoço.
Depois:
- Tá, agora, querido, vai lavando a louça.
- E você?
- Eu guardo a comida.
- Pô Márcia, só você que manda. Que saco!
- Tudo bem, Paulo. Fala o que a gente vai fazer agora.
- Eu limpo os calçados e você, os armários.
- Ok, amor, pode ser. Mas primeiro organiza a lavanderia, que tá uma bagunça.
- Sim, amor.
Mas ele estava contente: finalmente tinha mandado em alguma coisa.
- Paulo, você limpa o quarto e eu vou fazendo o almoço.
Depois:
- Tá, agora, querido, vai lavando a louça.
- E você?
- Eu guardo a comida.
- Pô Márcia, só você que manda. Que saco!
- Tudo bem, Paulo. Fala o que a gente vai fazer agora.
- Eu limpo os calçados e você, os armários.
- Ok, amor, pode ser. Mas primeiro organiza a lavanderia, que tá uma bagunça.
- Sim, amor.
Mas ele estava contente: finalmente tinha mandado em alguma coisa.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Vida: há dois (que são um)
Não tenho muito que levar para nosso novo lar, meu amor. Uns
livros, talvez, uns discos, papéis, calças, calçados, canetas e, caso você
deixe, um rádio velho que era do meu avô. Este trazia música para casa, com sua
gaita de boca. Aquele enchia os cômodos de alegria, através de suas ondas, que
conseguiam atingir até mesmo a longínqua estância de interior do interior onde
minha família morava.
O rádio já não funciona e não consegui aprender gaita
(meu avô tinha o sonho de ensiná-la a algum neto), contudo prometo que breves
acordes soarão do meu violão (é mesmo, mais uma coisinha pra levar), sempre que
a gente precise de um pouco a mais de alegria.
Carrego comigo, também, algumas palavras. Elas são tão
importantes, meu amor... faladas, sussurradas, escritas, insinuadas, cantadas, silenciadas,
quando preciso for. Porém, desejo juntar as que eu tenho com as suas, pois meu
corpo anseia por suas expressões, impressões. E penso que este já é um passo
para sermos dois e, simultaneamente, um. União, unidade, congregação,
integração. É a celebração de uma soma cujo resultado nos repleta um do outro e uma espécie de entidade. A propósito, sabia que eu adoro aquele jogo de resta um
que você tem?
Que tal fazermos faxina juntos, enquanto ouvimos uma música?
(Ainda vou fazer o rádio funcionar!) Jogo alvejante nos banheiros e você, água
no balde. Depois, vem o jantar. Eu faço o arroz e você, a salada. Ou eu o
feijão e você, o arroz. Aliás, acho que somos feijão e arroz! De sobremesa,
seria bom queijo com goiabada. Pensando bem, somos também queijo e goiabada! Que
delícia que é nossa existência em comum!
Nosso amor é um armário, por assim dizer, cheio de coisas gostosas,
que se completam.
terça-feira, 9 de julho de 2013
As impublicáveis pérolas da propaganda II
terça-feira, 2 de julho de 2013
As impublicáveis pérolas da propaganda
Assinar:
Postagens (Atom)