terça-feira, 18 de junho de 2013

Relicário

Nando Reis questiona:

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou 

Pois, o que está acontecendo? Esse tipo de mobilização que tem ocorrido, pra mim, é novidade. 
Já tínhamos visto conflitos em tempos de regime militar e de impeachment, passeatas a favor da liberação da maconha e do casamento gay, mas tanta gente reunida, em tantos lugares diferentes do Brasil e do mundo é algo novo. Sem contar que tudo começou por causa do aumento da passagem de ônibus em São Paulo. Por R$ 3,20, a revolução! Acordamos? O ônibus virou uma espécie de relicário para os nossas esperanças?
Em países como a Argentina, os ajuntamentos e panelaços de protesto já se tornaram famosos. Os brasileiros, no entanto, sempre foram considerados pacíficos, submissos, que já fizeram e continuam fazendo certos movimentos populares bem pontuais, porém sem algo mais profundo em termos sociais, políticos, econômicos. E agora, de repente, isso. Com a ajuda do facebook e da mídia em geral, uma onda de protestos vem se espalhando por aí. 
Gosto disso! Mas tenho refletido sobre a demora até que isso acontecesse. Foram precisos alguns reais a menos no bolso do povo para um despertar repentino. Antes tarde do que... mais tarde. Acho que uma hora ou outra isso iria explodir, no entanto, por que a revolução não começou com outros absurdos mais significativos para o país, como as trapalhadas e o descaso com a educação? Ou com a saúde? Ou com a segurança pública? 
O fato é que a coisa está rolando. E onde vai parar? Com a quantidade de revoltados – oriundos das mais diversas insatisfações – que vêm aderindo ao movimento, parece que tudo isso ainda vai render. Agora, vale tudo: pessoas irritadas com Dilma, medidas provisórias, copa do mundo, olimpíadas, Felipão, Feliciano; há ainda os que querem logo o Windows 8, o Galvão Bueno fora, o Yakult de dois litros; sem contar aquele maluco que não faz a mínima ideia do que está acontecendo e apenas engrossa o caldo com sua presença sem-noção.
Talvez parte da população tenha (finalmente) reparado que o mundo está ao contrário e viu que é hora de agir; quer embarcar em um país com uma passagem de preço justo e mais recursos para uma vida digna. E, mesmo os viajantes clandestinos, que estão apenas se divertindo e/ou aproveitando para matar o trabalho e aparecer na televisão, devem ser respeitados. Estes, quem sabe, possuem um leve pressentimento de que algo não está certo e é preciso mudança. Neste caso, pensando bem, eles são mais importantes do que os que se dizem politizados. Muitos destes, mesmo tendo uma visão mais ampla e crítica do derredor, preferem, às vezes, permanecer inertes. 


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