sexta-feira, 12 de julho de 2013

Vida: há dois (que são um)

Não tenho muito que levar para nosso novo lar, meu amor. Uns livros, talvez, uns discos, papéis, calças, calçados, canetas e, caso você deixe, um rádio velho que era do meu avô. Este trazia música para casa, com sua gaita de boca. Aquele enchia os cômodos de alegria, através de suas ondas, que conseguiam atingir até mesmo a longínqua estância de interior do interior onde minha família morava.
O rádio já não funciona e não consegui aprender gaita (meu avô tinha o sonho de ensiná-la a algum neto), contudo prometo que breves acordes soarão do meu violão (é mesmo, mais uma coisinha pra levar), sempre que a gente precise de um pouco a mais de alegria.
Carrego comigo, também, algumas palavras. Elas são tão importantes, meu amor... faladas, sussurradas, escritas, insinuadas, cantadas, silenciadas, quando preciso for. Porém, desejo juntar as que eu tenho com as suas, pois meu corpo anseia por suas expressões, impressões. E penso que este já é um passo para sermos dois e, simultaneamente, um. União, unidade, congregação, integração. É a celebração de uma soma cujo resultado nos repleta um do outro e uma espécie de entidade. A propósito, sabia que eu adoro aquele jogo de resta um que você tem?
Que tal fazermos faxina juntos, enquanto ouvimos uma música? (Ainda vou fazer o rádio funcionar!) Jogo alvejante nos banheiros e você, água no balde. Depois, vem o jantar. Eu faço o arroz e você, a salada. Ou eu o feijão e você, o arroz. Aliás, acho que somos feijão e arroz! De sobremesa, seria bom queijo com goiabada. Pensando bem, somos também queijo e goiabada! Que delícia que é nossa existência em comum!
Nosso amor é um armário, por assim dizer, cheio de coisas gostosas, que se completam.

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