sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Os descendentes


Desde “Meia-noite em Paris” não tinha mais me encantado em uma sala de cinema. Então fui, sem grandes expectativas, ver “Os descendentes”. Tinha lido somente que tem cinco indicações ao Oscar, incluindo a de melhor filme e de melhor ator (George Clooney). Pensei comigo: deve ser um bom filme. Ledo engano. É ótimo! Capaz de atender, talvez, a anseios diversos.
Aos leitores exigentes, o texto é prazeroso de ser lido e bem dosado. Quando a fala se faz necessária, está lá. Quando não, o silêncio entra e contracena com as feições das personagens, representadas por atores talentosos, regidos pelo indefectível George Clooney, o qual, diga-se de passagem, vem demonstrando ser igual a certos vinhos, que têm seu apogeu décadas depois de sua criação.
Para quem costuma apropriar-se das paisagens dos filmes como forma de evasão, no melhor estilo “Vou-me embora pra Pasárgada”, vai se deliciar com o mar do Havaí – espaço escolhido para a trama se realizar –, ao som de uma encantadora trilha sonora, típica da região.
Há quem acredite que a arte possa (ou deva) ter uma espécie de função social. Pois até (ou principalmente) nisso a película é bem-sucedida. Explico. A história contada é a de Matt King (Clooney), um advogado que se depara com uma tragédia na família: a esposa sofre um acidente de barco e fica em estado de coma. O drama aumenta quando a filha mais velha do casal revela ao pai que a mãe tinha um amante. Matt, então, empreende uma viagem para conhecer seu concorrente. No entanto, o que ele descobre no caminho é algo muito maior. Quem, de algum modo, identificar-se com o enredo, poderá economizar um bom dinheiro com terapias. Até porque, apesar do aparente peso que tais temas possuem, eles são abordados com leveza, elegância e humor (!).
E por que o título é “Os descendentes”? Deixo para os expectadores tirarem suas conclusões. Mas me considero descendente de toda a arte que fascina e, por isso, influencia para sempre na minha vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário