quarta-feira, 22 de junho de 2011

Midnight in Paris



Confesso que li uma crítica do filme antes de assisti-lo e era positiva, gentil, comparando-o, inclusive, com The Purple Rose of Cairo, um dos meus filmes preferidos, aliás. Mas não gosto de tudo o que o Woody Allen faz: às vezes, acho-o tagarela demais. Cinema é imagem. Para o Midnight in Paris fui com boa impressão e bom pressentimento. Acho que no momento certo, também. Só sei que tudo parece ter convergido para que eu não perdesse um segundo da trama. Apreciei deveras!
Imagem e palavra dialogam perfeitamente na película; conduzem o espectador/leitor por um cenário espetacular (o que de mais iluminado a “cidade luz” tem) e por falas na medida certa. Teria o autor/diretor encontrado a fórmula? Seria ele como o bom vinho francês, curtido e saboroso?
É preciso muita sensibilidade para alcançar a alma de um lugar. Apesar de Paris não ser exatamente uma cidade difícil de se gostar, Woody enxerga nuances que estão expressas no personagem principal: o sonhador Gil Spender, um aspirante a romancista que pretende largar a, segundo ele, futilidade da vida americana para viver (em) Paris. Ele passa a acreditar que lá seu texto pode melhorar, visto que tantos artistas importantes já passaram por aquele palco e, para o mundo, nunca passaram.
Gil, então, à meia noite, diariamente (ou noturnamente?), embarca em uma viagem fantástica para a época das pessoas que sempre admirou. Convive com Picasso, Hemingway, T. S. Eliot e muitos outros. O personagem vai, assim, fundo no desejo de mudança. A evasão, tão ordinária na vida nossa, sempre tão insuficiente...
Ao sair do cinema, tive que encarar a realidade prosaica. Entretanto, quando olhei no relógio, tive um sobressalto: meia-noite. O que me esperava? Um bom vinho chileno, Edith Piaf e esse texto.

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